Momentos antes de você ser gerado, nove meses antes
de nascer, portanto, você tinha a companhia de três bilhões de espermatozóides
ao seu lado. Não existe nenhuma regressão que faça com que você se lembre deste
primeiríssimo momento da sua existência.
Imagine a cena. Três bilhões de criaturinhas correndo desesperadamente atrás de um único óvulo. E, se você tem uma certeza na vida, é esta: só você chegou lá. Ou seja, você é um vencedor (a). Não sei como foi que eu e você conseguimos esta proeza. Talvez tenhamos atropelado alguns concorrentes, dado cotoveladas em outros. O fato é que estamos aqui. Eu escrevendo e você lendo.
Imagine a cena. Três bilhões de criaturinhas correndo desesperadamente atrás de um único óvulo. E, se você tem uma certeza na vida, é esta: só você chegou lá. Ou seja, você é um vencedor (a). Não sei como foi que eu e você conseguimos esta proeza. Talvez tenhamos atropelado alguns concorrentes, dado cotoveladas em outros. O fato é que estamos aqui. Eu escrevendo e você lendo.
Numa corridinha mixa de 100 metros numa olimpíada o
sujeito ganha louros, medalhas e dinheiro. E concorre com quantos? Dez, doze
pessoas. Mas eu e você corremos contra 2.999.999 (o número pode não ser muito
exato, mas é por aí). E chegamos. E o mais trágico: todos eles morreram. Todos.
Enfim, nascemos matando metade da população atual do planeta.
Chego a algumas conclusões. A primeira, inapelável,
é que nascemos com culpa, meio sem graça, chorando. E já levamos um tapa na
bunda para deixarmos de ser metidos e assassinos. Sim, todo mundo ao seu redor,
te olhando no berçário, e pensando: e os outros? E os outros?
Por outro lado, deveríamos todo dia abrir a janela,
olhar o dia e sorrir, pensando: eu consegui! Eu sou demais! E deveríamos estar
feliz com a nossa condição de vencedores. A primeira batalha, a primeira
maratona, contra bilhões, a gente venceu, Não bastaria isto para sermos
eternamente felizes? Agradecer diariamente a nossa ovular vitória?
Vi no Fantástico de domingo que o terrorista Bin
Laden já matou – com seus atentados – perto de cinco mil pessoas. Já o Bush com
suas duas guerras, matou perto de 10.000. Quem é mais terrorista?
Talvez se o Bin Laden, quando o pai dele estava
fazendo amor com a sua mãe (sim ele deve ter tido uma amada mãe), talvez se ele
ficasse em segundo lugar, teríamos mais 4.000 pessoas vivas. E o Bush (com uma
honrosa medalha de prata), teria deixado mais de 10 mil pessoas vivendo.
Números pequenos, diante dos que eles deixaram para trás ao serem gerados e
gelados.
Fiquei pensando nos espermatozóides que deixei para
trás num dia qualquer de maio de 1945 (será que foi no dia D?). O que seria de
cada um deles, se tivessem passado na minha frente? A única certeza é que
teriam nascido no mesmo dia que eu. Poderia até ser uma mulher. Existe
espermatozóida?
E, ainda abalado com os atentados na Espanha, penso
nos espermatozóides. Já vencemos a nossa principal batalha, já deixamos para
trás bilhões de futuros cidadãos. Por que queremos matar mais e mais e mais?
Será que não basta ao homem ter vencido a sua principal corrida, a guerra do
nascimento? Não deveríamos todos viver apenas para comemorar que conseguimos
nascer, sãos e salvos, sem usar nenhum míssil, nenhuma granada? Ganhamos uma
guerra jogando limpo. Apenas, sei lá como, fomos mais espertos e rápidos que os
nossos outros companheiros de jornada, coitados (literalmente).
A que óvulo estas pessoas que matam inocentes querem atingir? Uma ogiva? Por que eles não matam a própria mãe que os gerou e deixam o resto do mundo em paz?
É, tem uns espermatozóides por aí que poderiam muito bem não ter chegado lá. Alguma coisa eles aprontaram lá dentro para chegarem na frente. Alguém foi subornado lá dentro. Pena que naquele tempo não tinha câmera para filmar as ações intra-uterinas e nem telefone grampeado.
A que óvulo estas pessoas que matam inocentes querem atingir? Uma ogiva? Por que eles não matam a própria mãe que os gerou e deixam o resto do mundo em paz?
É, tem uns espermatozóides por aí que poderiam muito bem não ter chegado lá. Alguma coisa eles aprontaram lá dentro para chegarem na frente. Alguém foi subornado lá dentro. Pena que naquele tempo não tinha câmera para filmar as ações intra-uterinas e nem telefone grampeado.
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